Fala meu povo, estou aqui mais uma vez para postar sobre as farras. E como não tem farra maior que o carnaval resolvi falar um pouco do que passei este ano aqui em Recife e em Olinda. O carnaval daqui é um dos mais conhecidos do Brasil e eu, como mais uma pessoa de fora, tinha uma impressão diferente do que na realidade acontece por aqui.
A principal diferença que se nota é que o carnaval aqui não é só ligar um som alto e fazer festa o dia inteiro e se conseguir a noite também. A parada aqui é coisa de tradição, cultural mesmo, tanto que agente não passa nem perto de escutar as "músicas baianas" tipo Chiclete com Banana, Asa de Águia e principalmente Funk (ninguém merece). O que manda aqui mesmo é o
Frevo (que não é novidade pra ninguém) e o Maracatu (
[1],
[2]) mas agente ainda encontra alguns blocos que tocam um Sambão.
Como dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras, tirei algumas fotos do meu celular para a vocês darem uma olhada. Estas duas primeras fotos foram tiradas bem na entrada de onde a farra acontece Olinda, antes de subir a ladeira para a cidade alta. Dá pra ter noção do tanto de gente:
Ladeira ao chegar em Olinda Será que tem gente?? Tá vendo essa ladeira aí nas fotos de cima? Pois então, quando a escalada acaba, chegamos na praça da prefeitura, que é um dos locais principais da festa, onde obrigatoriamente todos os blocos passam. A consequência disso é que você quase não consegue andar pela rua, e o povo aqui nesse ponto não é dos mais amigáveis não. Então o negócio é tocar o barco e ir pra outro lugar.
A prefeitura de Olinda toda enfeitada. Quando estava passando pela prefeitura, encontramos com um bloco de bumba-meu-boi. Na verdade não sei se este é o nome correto, me desculpem se estiver errado. Bom, achei que seria interessante tirar uma foto.
Bloco de Bumba-meu-Boi. Um ritmo que eu ainda não conhecia e que gostei muito foi o Maracatu. É contagiante ver aqueles tambores tocando uma batida forte e sem você perceber já está dançando no ritmo do batuque. O Maracatu se divide em dois tipos básicos, o Nação e o Rural. A diferença básica entre os dois é a velocidade e o ritmo da música. No primeiro tipo, o ritmo é um pouco mais lento e o bloco aproveita para fazer algumas coreografias com as baquetas e os chocalhos.
Bloco de Maracatu. Outro bloco de Maracatu Já no Maracatu rural, o ritmo é bastante acelerado e temos a presença de um personagem chamado Caboclo de Lança. É uma tradição muito forte e as pessoas vestem essas fantasias quentes e pesadas (mais de 30 kg) em baixo de um calor 35 graus.
Caboclo de Lança. Como deu pra perceber pelas fotos, o carnaval em Olinda começa logo cedo. O bom é chegar por lá por volta das 10 horas da manha. Mas se vocês estavam achando muito ficar o dia inteiro tomando cerveja, dançando e fazendo farra, não viram nada. É sair de Olinda, tomar um banho pra tirar aquela mistura de suor e filtro solar e ir direto pro bairro do Recife antigo, onde tinhamos mais carnaval de rua e um palco monstro onde rolavam altos shows de todos os tipos. Teve até Lecy Brandão e Martinho da Vila tocando um sambinha. Mas o que eu mais gostei mesmo foi o Show do Alceu Valença tocando no ritmo do carnaval. Muito bom mesmo! Me impressionou ele estar com 58 anos e ainda estar muito melhor do que muitos na nossa idade, correndo de um lado a outro do palco, cantando e pulando sem perder o fôlego.
Boneco gigante nas ruas do Recife antigo No final das contas, acho que compensa passar um carnaval por aqui pra conhecer e tirar suas próprias conclusões. Ainda mais agora que todos têm lugar pra ficar e guia turístico disponível, pelo menos à noite e nos finais de semana, se é que vocês me entendem.